COMO NÃO ESCREVO HÁ TANTO TEMPO????

Bernardo ficou internado no Carnaval, no dia do desfile de Carnaval da escola da Iara.
Já estava fraco depois de dias de vómitos e diarreia. Ficámos uns dias lá até recuperar. A Violeta e a Iara ficaram com os avós Zés em Grandola.

Estamos em Julho.
Já fomos uma semana de férias de verão (qual verão) para Tavira.
Estivemos esta semana pela primeira vez sem os três meninos.

Já estão em casa e voltou tudo ao normal. A mãe a fazer 1000horas de trabalho por dia. Hoje meti a hipótese de fechar a loja. Estou cansada das noites e dias e noites e dias. Estou mesmo cansada e já queimei os cartuchos de descanso (mesmo sem ter tido descanso).

Estou exaurida. Ando com a tensão baixinha. Os meninos andam ríspidos uns com os outros. Todos querem a mamã. O almoço tem de ser dado porque não está mais nenhum adulto cá em casa.

Filhos da puta os que acham que trabalhar de casa é fácil. Experimentem fazê-lo e gerir 3 miudos. E deitar à noitada.

Nunca costurei um cú. De repente, faço ninhos, tranças de berço (ou musculação se lhe quiserem chamar!), rolos de cama montessoriana. E dou por mim a demorar imenso tempo a fazer os mil passinhos, porque tenho sempre os tecidos contados (para não desperdiçar um cêntimo em stock que ninguém utiliza). Porque tenho medo de errar - nunca vi fazer, tenho de inventar a roda novaemnte, ou aprender com o youtube e perceber e pensar muito bem antes de fazer cagada num dos 800 passos precisos até finalizar uma peça.

Caralho.

Tenho a tensão baixa, tenho saudades de não ter agenda!

Gosto de receber dinheiro, gosto que o pai sinta apoio monetário da minha parte (de certeza que ele sentia uma pressão enorme todos os meses), gosto de ver estas coisas bonitas feitas.

Mas, gostava de ser capaz de fazer tudo isso em 4 horas por dia. Que se transformaram em mais de 12h por dia. Ou seja, estou lenta demais. Não estou a conseguir...

Não estou a conseguir.

Senti uma mão estendida com os avós a ficarem com vocês. Ao telefone, sempre tudo bem. Quando os fomos buscar "os três não dá". Caiu-me tudo. Mesmo. "Tenho personalidade de mãe, sou mãe, tenho muita paciência".
Os sentimentos de revolta que senti pela sogra quando a Iara nasceu, voltaram ali naquele instante. E ainda tenho de os apagar. Não achei altruísta, não senti apoio - empatia. "É pena ter a idade que pesa". E eu ri-me. Num riso cínico. A mãe tem dores de costas todos os dias. A mãe queria dormir às 5h da manhã todas as noites e não dar biberões. A mãe queria espaço na cama para dormir - porque é o dormir na ponta da cama que me faz dores. A mãe não tem rede de apoio, quer doam as costas quer não. Quer doa o ombro quer não. Quer tenha tonturas quer não. A mãe anda com as tensões muito baixas, e isso assusta-me. Não assusta quem o desconhece. Ou não quer saber. Porque estou em casa e não faço nada. Não trabalho.

O trabalho em casa não é visto como emprego. Não é levado por ninguém como uma coisa à séria, que se tornou na coisa à séria. É a coisinha terciária que vou fazendo. Mas não...

Sentir que nunca mais terei pausa, das crianças, porque não tirei um dia de férias, assim como o pai, assusta-me. Dá-me ataques de ansiedade só de pensar.

Estou magoada.
A ver que todo o normal regressar, e rapidamente os gritos voltaram, os olhos abertos, o choro dos miúdos pelas irritações que causam uns aos outros.

Dou por mim a olhar para eles, de braços baixos, só à espera que se resolvam a calar, e vou dar mimo aos que choram. Não tenho forças. E quando as tenho é para me chatear com eles. Que não quero. Não pode ser.

Sei lá...

Badamerda aos que vivem de férias, aos que não ajudam, aos que não participame aos que não querem saber.

Gostava de ser importante para alguém. Gostava de ser reconhecida.
Ontem percebi que sou um apêndice para os pais do Eduardo. Ninguém falou comigo. A avó falou com o pai. Não houve conversas simpáticas, de entendimento, de cumplicidade e de força. Afinal continuo a ser só a mãe dos netos.

E fico mesmo magoada com isso.
Porque pensava que já era alguma coisa ali.

Tenho tanta tanta pena que ninguém se dê ao trabalho de estar com vocês por prazer. Por querer estar convosco. Tenho mesmo pena...

A mãe cansada.

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