Montes de amor

O nosso casamento já foi só rosas. Miminho, dormir, descanso. Nada de discussões.
Hoje o pai anda muito stressado, sempre. Tudo é o caos para ele. Vocês, a vossa agitação ainda lhe causa estranheza, e só pode falar um de cada vez e... acho que aqui se percebe que ele foi filho único. Que me perdoe, mas é isso.
Queria que ele percebesse que somos 5. E que não somos 5 adultos.
Alguém que lhe esprema os braços e o abane e que o traga à tona.
Que as asneiras fiquem do lado de fora da casa.
Que ele volte a sorrir com vontade e alegria.
Que entenda que os miudos causam stress, todo o dia, todos os dias. Mas que entenda que não me pode stressar ainda mais e me cortar o peito, agredindo os filhos com a língua sem travões e voz altiva e omnipresente.
Anteontem depois do pai falar mais uma vez mal com o Bernardo, eu senti-me a ir abaixo. Toda eu tremia. Estava capaz de desmaiar se continuasse a pensar no assunto e que as pernas estavam a tremer, o coração a ficar pesado, as mãos a tremer, os vómitos. Eram nervos a apoderar-se do meu corpo! Nunca estive assim. Percebi talvez, o que são ataques de ansiedade.
E sabem o que evitava isto? Ele não falar assim com vocês. Sinto-me a rumar sozinha por vezes. A tentar corrigir o que ele fala mal.
Vocês são crianças, e por isso e sendo 3, mesmo que não sejam dificeis, geram stress nos pais. MAS, há coisas que os pais não devem deixar passar para o lado dos filhos.
A vida já esteve tão tão pior, que ele consiga ver isso, e consiga ser feliz com o que construímos.
Eu fico triste.
Ele desculpa-se a nós. Arrepende-se. Mas o amanhã é diferente?
O pai deixou de escrever. Gostava de o ler.
Quero que todos sejamos felizes, juntos. Porque merecemos, caramba.
Não gosto de olhar para ele, e rever o que ele me conta com tanta mágoa do próprio pai. Não gosto de o ver refilão com tanta facilidade.
Gostava que ele fosse mais parvo. Mais feliz. Como já foi. As pessoas mudam.
Que crescçam fortes, vocês.

A mãe.

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