´Saudades de todos os dias bons

Quando eram todos mais pequeninos, os dias eram preenchidos mas felizes. Com refeições e com toda a logística intermédia de dois bebés de fralda e cólos e cuidados. Mas ninguém se zangava, vocês não se zangavam uns com os outros.

Tenho sentido falta desses dias, todos os dias. Vezes a mais portanto. Isto porque, todos os dias a mãe fica triste porque tive de gritar, pegar ao cólo ou arrastar alguém para a carrinha. As birras são uma constante que parece ter vindo para ficar. A Iara que chega e que não tem paciência para a irmã e lhe dá desprezo. O Bernardo que insiste em corrigir a Violeta aos gritos. A Violeta que decidiu puxar cabelo à irmã ou bater na cabeça do irmão. A seguir temos gritos, choro alto, puxa daqui e dali. Apareço eu muitas vezes sem saber o que fazer. Fico tão esprimida nestes nossos novos dias. Fico triste porque já tivemos tudo tão perfeito e feliz que só pergunto o que se passou nestes meses.
Podiam ter crescido com o carinho inato que tinham uns pelos outros.
Iara "fartou-se" do Bermardo. E está na fase do "fartar-se" da irmã. Entretanto os amigalhaços já não o são, e raramente brincam juntos os dois. Quando o fazem fico completamente derretida. O que é certo é que olho para a galeria do meu telefone, e vejo almofadas e almofadas, e momentos fofinhos vossos gravados já são raros. Não porque não esteja com vocês, mas porque e tristemente, esses momentos deixaram de existir.

O pai anda doente. Vocês, à excepção da Violeta, andam doentes. E eu ando cansada de ruído, de choro, de birras, de exigências, de incompatibilidades a tempo inteiro e sinto que a nossa casa precisava de uma grande injeccção de felicidade para a coisa melhorar. Mais miminho entre todos e menos lágrimas.

Ás vezes cedo ao choro, e assim deverá ser sempre, sou a mãe. Não sou um animal insensível que não sofre com cada lágrima vossa. Tem sido cada vez mais difícil conter o meu choro ao vos ver a chorar. Porque também choro por dentro e peço ajuda nesses momentos. Fico arrependida de ter ralhado, gritado, agarrado e posto noutro sítio, ou vestir à base da força quando assim tem de ser. Mas o que é certo é que se eu o faço, será por alguma razão e não porque estou a implicar, que é, por exemplo, para ir buscar a Iara à hora marcada. Há coisas que não dá para fazer depois, vestir depois, comer depois. Há coisas que têm de ser naquele momento e se vocês não permitem, a coisa tem de se dar na mesma!

Resumindo - Por favor baixem as armas. A mãe está cansada que nunca estejam agradados com o cardápio. Que queiram brincar com água no inverno. Que queiram sempre ajudar a fazer as refeições ao lume. Que queiram fazer slime. Que queiram rasgar os livros da escola da Iara. Que queiram beber o meu leite ao meu cólo, que queiram as minhas bolachas e o meu almoço ao cólo. Que queiram chocolate a toda a hora. Que queiram tudo o que não têm porque as amigas têm.

Queria muito voltar a escrever as nossas histórias de amor, os momentos felizes entre nós, os abraços mimosos que todos me dão ainda hoje (todos os três me deram!). Só que os momentos menos bons estão tão intensos e densos que fica difícil ver esses minutos de mimo.

Volta a nossa casa tranquilidade e fofura. Porque eu preciso. A mãe precisa. Vocês também. E assim o pai também ficará mais feliz.

A mãe.

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