Os adultos também choram

Hoje a mãe chorou.
Não tem sido fácil tomar conta dos três que estão em brasa uns com os outros, e ao mesmo tempo ter de fazer conversa com compradoras, tentar produzir algo, tirar fotos, produzir anúncios, monitorizar, voltar a produzir anúncios, responder a compradores, limpar rabos, ir buscar um sem fim de coisas, e a casa estar um caos derivado das vossas brincadeiras. Uma casa com vida é mesmo assim, com caos. Estamos em casa para a gozar, mas ninguém entra aqui num dia e arruma tudo e limpa de uma ponta a outra, de maneiras que fico com tudo tal e qual. Caos instalado. Um pouco menor com a ajuda do pai, para retirar objectos de passagem dos quartos, sala e corredores, mas precisávamos de mais apoio nesse sentido.
Hoje a mãe chorou, disse-vos que para vocês eu sou um monte de cocó, porque fazem tudo o que o pai diz e eu mesmo que peça dez vezes, sendo a décima já aos gritos, vocês não fazem o que peço. Fica difícil manter a calma, quando sempre que tentamos fazer alguma coisa, na realidade estão ali a boicotar o que quero fazer.
Eu precisava de um dia inteiro de silêncio. Não ouvir gritos vossos de se chatearem uns com os outros. Precisava que vocês tornassem a ser amigos e meigos uns com os outros. Precisava que a Iara perdesse a postura arrogante que adoptou para muitas situações. Ontem nem contei ao pai que meti a Iara de castigo porque ela me fez o movimento de ir bater. Levantou-me a mão para me dar na minha mão e arrependeu-se a tempo. Isto porque ralhei com ela por algo que fez. Mandei-a sentar-se de castigo. Fiquei de coração partido.
E só de escrever vem descarga. Está a ser mesmo complicado. No sábado não me fizeram nem uma birra: estavam cá os avós zés e o pai. Parece mentira como ainda conseguem manter a compostura e tudo o que se passa quando estou sozinha convosco, parece inventado, mau de mais para ser verdade.
A mãe tem-vos dado muito mimo, muitos beijinhos, muito colinho. Mas à tarde chega sempre a hora do grito, porque as asneiras instalam-se. Chamem-lhe sono. Não quero saber.
Estou cansada, mesmo cansada. Tanto que passar um dia de cama a olhar para a janela, o tecto ou o que fosse me parece um sonho.
Como eu gostava de recuar dois anos no tempo. Tirando os problemas de saúde do papá. Queria mesmo que tudo se organizasse. Que vocês colaborassem mais no amor múltiplo.
Sei que já vos dei mais atenção, mas se estivesse num escritório daria ainda menos. Por isso não vamos por aí.
Que o respeito volte a esta casa. Por favor.

a mãe.


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