23 meses de Violeta

És a minha última bebé.
Foste até aos 12 meses um bebé super tranquilo, e super amiga da mãe. Contigo senti mesmo que tinha um rabinho de algodão.
Nunca foste autónoma para adormecer (com excepção quando eras mesmo recém-nascida e no leitinho das madrugadas) mas não choravas de dia para pedir cólo.
Bastava-te estares connosco no mesmo espaço (ficavas muito feliz com os manos e com as nossas brincadeiras) que te sentias confortável.
Mas isso, foi mudando repentinamente. Não foi duma maneira progressiva e lenta. Foi mais para o brusco. Um dia percebeste que estavas bem bem era no cólo da mãe.
E ainda hoje, com 23 meses achas o mesmo. Então quando estamos em casa, é quando mais achas que a mãe tem de pegar em ti.
Há momentos do dia em que fico muito triste por isso, porque gostava que te integrasses mais com os manos, que brincasses e que explorasses, sem que fosse ao meu cólo.
Gosto de sentir que vocês gostam de mim, mas também gosto de conseguir ter liberdade de ir fazer xixi quando tenho vontade...
Adoro quando estão os três a brincar, faz-me feliz e fico satisfeita quando vejo que têm uma dinâmica funcional.
Fico triste quando vejo os manos a brincar sem ti, sem te chamar, sem te incluir.

Perdoa-me a falta de paciência que às vezes aparece, perdoa os gritos do pai, perdoa não conseguir estar à altura das tuas necessidades.

Só te quero ver feliz, sem choro (que me corrói) e sem ser a ferros.
O teu choro não é choro de manipulação, nem de birra. É um choro sentido, com muita lágrima.
Choro de birra não tem lágrima, é uma fita que liga e desliga no instante a seguir.
O teu choro é de dor forte. Ficas magoada. Ficas desamparada.
E é isso que me faz concluir que, neste momento, não estou à altura das tuas necessidades.

Ao longo do tempo todos os três foram tendo alturas em que a mãe só pedia que vocês fossem felizes, porque não me estavam a parecer felizes.
Lembro-me de comentar com o pai que queria que o Bernardo fosse um bebé feliz. Que queria que tu fosses mais feliz (naquela altura em que ainda não gatinhavas, e depois não andavas e estavas muito frustrada e farta da limitação motora).

Agora fazes o que queres do corpo. Falas cada vez mais. Hoje tive dificuldade em perceber o que querias dizer em momentos diferentes do dia. Mas eu peço que te tornes mais autónoma.

Não sei se está na tua hora filha, mas está na hora da mãe... Por isso te peço: com muito mimo, por favor, torna-te feliz, sem ser no cólo da mãe. Haverá sempre o meu cólo. Quando quiseres miminho. Mas durante todas umas compras, é demais para mim.
Não me posso queixar. Não me posso queixar. Só quero que sejas feliz...

A mãe estará sempre aqui... A mãe não foge.

A mãe que tanto vos ama...

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