Os meus vinte anos

No último dia de 2 anos do bebé B fazem 20 anos da abertura da Expo 98. Um pensamento tem-me ocupado a mente nos últimos dias, que o meu avô materno faleceu faz daqui a pouco 20 anos.

E o que era eu com 20 anos? Um gaiato muito arrogante e muito trabalhador, muito apaixonado pela mãe. Já íamos nesta altura com mais de 2 anos de namoro. Estávamos nas Praias do Sado há pouco tempo e a adorar a experiência de praticamente viver juntos...

E o que era eu com 2 anos? Um menino gorducho, muito tímido mas falador, muito entre o que são os feitos dos bebés mais crescidos. Estava em Grândola e sem saber o que o futuro reservava, sem pensar no futuro, o futuro era quando o pai chegasse, o futuro era o jantar.

Há tanta coisa que odiei na minha vida. Há tanta coisa que gostaria de não estar a passar à geração seguinte. O próprio verbo odiar me incomoda, pois às vezes olho para a maior bebé e penso que ela deve conhecer esse verbo tão bem quanto eu o conhecia na idade dela.

Tenho chorado muito. Tenho-me culpabilizado muito. Há semanas e meses que pergunto à vossa avó paterna como era o seu pai. O pai do vosso avô eu conheço-o bem demais. Tenho pensado muito nesse homem desdentado e sorridente que não conheci bem. Como queria que mais dele vivesse em mim.

Diria que o grande passo que dei em relação ao meu pai foi o arrependimento público e claro. Não me recordo de alguma vez ter ouvido um pedido de desculpas dele. Para compensar talvez eu consiga ser ainda pior em vários outros níveis, embora me queira crer longe do que ele teve.

E daqui a 20 anos? Ainda não quero ser avô daqui a 20 anos possas... Mas será que virei a ser um avô como desejaria se nem o pai que sou aprovo...

Die trying...

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