A dor do tempo a passar

Não há um dia em que não pense em como o tempo passa rápido.
Hoje chorei lágrimas e lágrimas ao ver fotos vossas. Ao ver o quanto o Bernardo cresceu e o quanto a Violeta já foi bebé e já não o é. Aquelas bochechas fizeram-me chorar cheia de dor.
Meus filhos, sei que o nosso vínculo nunca vai desaparecer, sei que serei eternamente grata ao vosso pai por me permitir estar convosco em casa, mas está a custar-me imensamente ver o tempo a passar debaixo das minhas barbas, como se estivesse em contagem decrescente acelerada para algo mau que virá, não vos sei explicar.
Vocês são a minha vida, literalmente, e dói demais pensar que um dia, já nem a mais pequena, será pequena. Dói ver o tempo a passar.
Não estava de todo preparada para ver o tempo a passar assim. Talvez por vos respirar tanto, por vos viver tanto, me custe assim tanto.
Ninguém fala nisto, ninguém fala em sentimentos depressivos causados pelo crescimento dos filhos, mas deveriam falar.
Quando não somos pais e o tempo passa, pensamos que somos novos e no quanto temos para viver.
Sou mãe de três crianças. 3 crianças caramba. Já muita coisa se passou...
Amo-vos muito, mesmo nos almoços mais stressados e caóticos, mesmo nas maiores birras que possam fazer.
Hoje ao adormecer a Violeta, pensei que algures noutro país, deve estar uma mãe aflita, em posição de conchinha com o seu bebé, sem saber se irão acordar no dia seguinte ou não.
Que todas as crianças tenham direito ao bem-estar, ao conforto, ao amor, ao abraço e ao sorriso.
Obrigada meu Deus por, por algum motivo, termos nascido neste país que é um cantinho do céu, e por podermos ter filhos, e por podermos vê-los a crescer.
Falta-me ganhar maturidade nesse âmbito, aprender a ver-vos crescer. Ainda não aprendi. E não sei quantos mais anos vou precisar.
Hoje pensei "seria eu capaz de ter outro bebé com a exigência da Violeta?" e a resposta foi "não, tenho primeiramente de amparar os que cá estão, e se outro bebé surgisse, iria roubar o que ela ainda pede, coisa que o Bernardo nunca fez"; "iria roubar-lhe a atenção".
Quando a Iara nasceu, esse meu sentimento de culpa de roubar a atenção para o Bernardo não existiu porque ela já era maiorzinha. Com o Bernardo sempre foi um receio mas sempre nos coordenámos bem os 3 (enquanto Violeta pequenina e ele também!).
Talvez o número 3 seja mesmo o nosso número e eu tenho de me mentalizar que a vida está mesmo a passar. O número 1 já foi em tempos o número certo. O 2 foi muito certo (mas por pouco tempo). O 3 é o número certo. Falta eu crescer, e aceitar, e conseguir parar de "e ses" e conseguir fazer-vos felizes.
A escola do Bernardo já me assusta. A escola da Violeta já me assusta. Tudo isso me assusta.
Minha Iara, obrigada filha, por tudo o que tens sido para a mãe. Amo-te muito e cada vez mais...

Que a vida vos sorria, meus ursinhos.
Que o pai consiga ser feliz connosco.
Que eu e o pai não desapareçamos, mesmo convosco a crescer. Que consigamos continuar a amar-nos e a ter cumplicidade...

Durmam descansados e confortáveis, seguros.
Vou apertar-vos amanhã outra vez. Cheirar-vos muito. Dar-vos amassos.

A mãe.



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