Objectivos diferentes ou desejos diferentes


A mãe está numa fase da vida, em que não tem paciência para o que não gosta. E quando tem de "gramar" com as coisas que não gosta porque assim tem de ser e porque não vive sozinha, fica um pouco incomodada. Uma das coisas que não consigo, é tolerar música que não gosto. Gosto de música alegre, mas quando tenho de existir com música que me causa ansiedade, fico inexplicavelmente incomodada. Sou mais sensível à música afinal, do que poderia pensar.
O pai escreveu que descobriu um rapper Dealer. Sei que não é este o nome do "artista" de circo. Não gosto de rap. Nem tento gostar. Nem gosto de ver o pai a ouvir esse tipo de música. Imagino-o a ouvir isso e a sentir cumplicidade com um gajo que é bad boy, ou que tenta ser, por escrever o que escreve. O marginalizado pobre injustiçado, o senhor presidente que se mantém calado. São um bando de miúdos, rapazes, jovens homens ou homens que têm um estilo de vida ou postura que não aprecio. Que tentam ser os justiceiros porque escrevem o que podem porque hoje em dia tudo pode ser escrito. Nem por isso é uma música com "feromonas" de amor, que transmita calma, alegria e felicidade. Muito pelo contrário. Por isso, gostava mesmo que o pai deixasse de ouvir essas "merdas", fazíveis até no dance-ejay, com uns poeminhas radicais e pseudo-intelectuais. Os gestos (aquelas mãos típicas), a intenção, tudo neles eu não gosto!

Gostava de ter netos. Gostava que eu e o pai ficássemos juntos até ser velhinhos e morrer (eu primeiro, relembro mais uma vez).
Gostava que vocês, nossos ursinhos, gostassem de estar o máximo de tempo connosco enquanto já fora da nossa asa, que gostassem dos nossos ajuntamentos, que as brincadeiras enchessem os momentos mortos e de silêncio constrangedor numa mesa ao almoço. Que o rádio toque música alegre para miudos e graúdos. Que houvesse muita gargalhada e nada de competição entre vocês. Que o amor que todos vocês sentem uns pelos outros se propague e cresça!

Sinto-me imensamente grata por vos ver a amarem-se uns aos outros! A Iara hoje, enquanto a mãe jantava, estava com a Violeta ao cólo, sentadas na cadeira. A Iara dava miminhos ao cabelo da Violeta e a Violeta encolhia os ombros e sorria derretida com arrepios de amor. Iara disse ainda que gostava de dormir com ela assim agarrada, para sentir os miminhos do cabelo da Violeta... Isto depois de dar um banho super feliz ao Bernardo, de ver como ele cresceu e que deu gargalhadas, ao som de Ed Sheeran, como não poderia o dia acabar com este armazém de amor? Como não posso eu ficar tão cheia de orgulho de vocês!!!! Como não posso eu pedir que vocês continuem a viver assim??

Amo-vos muito. Muito.
Estou com falta de pai.
Vocês têm-me dado nestes momentos felizes, muito colinho. Mas sinto falta do pai. Em tempo. Acho que precisávamos agora de férias.

O pai agora quer pôr abelhas na quinta velha. Mais coisas = mais tempo por lá e eu sozinha com vocês. Eu quero dar a volta a casa, fico louca e fecho os olhos a alguns sítios cá de casa. Aceitei que não tendo rede de segurança, algumas coisas ficam de pantanas (não há quem as faça além de mim - estamos a falar de roupa). Quero uma casinha nossa, com terreno que o pai tenha gosto em plantar árvores connosco, nossas, aqui perto, perto de vocês.

Tenho pânico do Algarve, desgosto de situações de fechaduras, de queixinhas feitas por pais maus, por ouvir que há pais maus para a mulher e para o filho. Saber de coisas más por pessoas que à nossa frente são boas, não me deixa sentimentos cor-de-rosa.

Preciso de tempo com o pai. De tempo sozinha. De tempo com vocês.

Durmam bem meus ursinhos...

A mãe.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Olá filhotes - mudanças

A poesia espiritual

Montes de amor