Dias perfeitos

Dia perfeito?
É o dia em que percebo que todos vocês estão felizes. O dia em que percebo que fizemos as escolhas certas e que não valerá a pena mudar nada.
Foram duas semanas muito felizes. Bernardo muito tranquilo, sem stresses consigo próprio nem com as manas - posso dizer mesmo que toda a nossa dinâmica depende do modo de estar do Bernardo. As duas semanas que passaram foram imensamente boas. Ontem começaram novamente as birras...
A Iara tem sido o meu porto de abrigo, o apoio que nem tenho de pedir, o adulto que me faz falta. Tenho-me sentido imensamente grata por isso. Obrigada filha por seres tão minha amiga, na verdadeira essência da palavra. Por muito que o pai me apoie, não está cá! E quando chega, pode-se dizer que apanha o melhor de todos vocês. As birras não existem, em quase todos os dias saímos e não há conflitos fora de casa :) Por isso, nas horas de maior stress o pai não está.
A Violeta - o seu primeiro ano foi muito tranquilo. Muito sorridente, pouco faladora nos últimos meses - no início palrava muito, sorria tanto tanto logo ao acordar que me fazia sentir que já tinha ganho o dia! Teve uma altura em que no leitinho da madrugada, quando a pegava ao cólo, ela se aninhava a mim e ria-se à gargalhada só porque a mãe a tinha agarrado.
A Violeta de hoje é muito agarrada à mãe - posso dizer que me souberam pela vida os abraços apertados com ambos os bracinhos nos meus ombros antes de lhe dar o leitinho para a adormecer à noite. Mas também posso dizer que gostava de conseguir tomar o pequeno-almoço sem ela ao cólo. Que gostava de poder ser eu a escolher quando dar cólo ao invés de estar bastante tempo com ela ao cólo a ouvi-la choramingar por causa desconhecida, sem me deixar pousá-la. Corta-me o coração quando ela fica a chorar no chão lágrimas enormes e respiração suspensa, de aflição, porque tive de a pousar porque precisei de ambas as mãos para fazer algo!
Queria que ela fosse mais tranquila nesse aspecto, para ambas estarmos mais tranquilas. A mãe nunca sai sozinha de casa, a mãe não vira costas e baza! A mãe não vai a lado nenhum e ela mesmo assim acha que a mãe vai fugir! A mãe já nem fecha a porta do wc!

Hoje não foi um dia perfeito. Com o despertar em choro da Violeta da sua sesta, com a Iara a fazer uma birra porque sim, e com as horas de birra do Bernardo, por momentos senti a minha cara a queimar. Vontade de gritar e perguntar: PORQUÊ??? Mas que teste é este???? BAHHHHHHHHH e fugir por uns minutos e permanecer sozinha em posição fetal. Apagar o estado. Desligar.

Não sei o que é não permanecer 10 horas com eles, nem 8, nem 6, o máximo 3! e contam-se pelos dedos das mãos!
"
Há dias em que sinto "é hoje que vou pedir ao pai para sair", mas depois a culpa, o saber que o pai não anda bem, o sobrecarregá-lo, o ele perder a paciência, fazem-me não me dar vontade de sair e estar - sozinha.

Tenho tido muita saudade dos tempos em que eles eram bebezinhos acabados de nascer. Tem-me custado cada teste de gravidez negativo que tenho vindo a fazer (2 no total), tem-me custado sentir que os meus filhos não estão bem sem mim e que o tempo certo de os deixar ainda não chegou. Mas às vezes custa não ter uma rede de apoio, uma mão activa que se disponibilize simplesmente para me dar uma hora que eu talvez precisasse.

Não quero com isto queixar-me. Mas, o pai está mal, ou trabalha muito, ou anda mais tristonho, e na realidade eu não quero estar sozinha! Mas sim, por vezes sinto falta de estar num sítio a comer um doce que me adoce, sem conversas, com a sensação de que está tudo bem.

São 3 filhos, e sinto que ando a não conseguir dar conta dos 3. Não ando a conseguir arrancar gargalhadas de nenhum, não ando a conseguir estimular mais o Bernardo ao nível que ele já poderia acompanhar (o desconhecimento meu aqui também está presente nesta fase cognitiva), o não estar a conseguir fazer o desmame da Violeta de forma feliz. Consigo dar muito carinho, enchê-los de beijinhos, abraços, apertões, consigo fazer declarações de amor e de ter muita paciência. Consigo ser grata com tudo o que eles me dão. Mas o sorriso, que conseguia provocar à Iara, as danças de Orbital que apareciam em todos os momentos de birra, a ginástica que eu fazia para a fazer sorrir, eu sinto que ando a perder. A agilidade está a ir. O cansaço chegou. Não o físico. O cansaço por não haver uma folga. Uma folguinha. Uma folgazinha.

Não, não tenho falta dum trabalho, onde me sentirei encurralada e obrigada a negligenciar o dia-a-dia dos meus filhos. Nem um pouco. Sinto falta sim, de sentir que tudo está bem. Que o pai esteja bem. Que vocês estejam bem. E que num estado de bem, eu consiga a pouco e pouco, ter uma folguinha sem culpas.

Que o meu amor por cada um de vocês cresce todos os dias e todas as NOITES, que cada vez que vos beijo e vos cheiro me sinto descansada e bem, disso ninguém pode ter dúvidas. Eu respiro-vos e sei-vos de cor. Vocês (4) fazem 99% de mim. O 1% restante, é o meu corpo a ocupar o neuroniozinho que tenho :)

Um abraço apertado e com festinhas,

da mãe.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Olá filhotes - mudanças

A poesia espiritual

Montes de amor