Violeta doente

A noite passada deve ter sido a mais complicada desde que nasceste. Sempre te consegui acalmar, em situações previsíveis. Mas por vezes, nos momentos mais críticos de adormecimento, é muito difícil acalmar-te ao ponto de deixares de chorar e respirar calmamente.
Esta noite acordaste várias vezes em choro. Inconsolável. Em cada uma pedi para parares de chorar porque o meu cólo por si só não estava a resultar. Senti-me incompetente, incapaz, ou insuficiente. Porque tens dores, porque tinhas febres, porque estavas mal.
Não conseguir ajudar um filho, é uma agulha num sítio sensível. Fazer um filho chorar para tomar o medicamento, é uma dor no peito que me faz chorar.
Hoje queria que fosses ao médico. Mas dorida de te ver e sentir em mim a chorar já tanto tempo em acumulado, não me deu coragem para te levar. Pedi ao pai. Em minutos pensei "não é por não estar lá que ela vai deixar de chorar e de sofrer". E o pai disse uma frase: "eu não quero que ela vá, e tenho de a levar". E eu pensei que nem estando lá, o pai ia sofrer tanto quanto tu, os dois a sofrer. Se eu lá estivesse íamos ser duas a chorar, e o pai a massajar-me as costas a dar apoio e fortalecimento de coragem.
Porque custa. Sei que o estar doente é mau. Parece inconsolável e tudo dói e nada apetece e apetece tudo. Mas custa muito querer ajudar um filho e não conseguir. Frustrações a seguir a outras. O não comer com meia hora de insistência e choro e pedidos e técnicas e desistências. E insistências. E desistências.
O pai é o melhor marido do mundo. Depois do pesadelo da noite, e da falta de descanso dos TRÊS, ele pegou em ti às 7h e foi passear-te de carrinha durante 3 horas! Tudo para tu e eu podermos descansar. Que maior prova  de amor ele me poderia dar??
Minha filha, espero que amanhã tenhas um dia mais feliz, com mais apetite e paciência... que consigas descansar e que não tenhas de passar pelo martírio da medicação.
Que consigas descansar um sono bom esta noite. Tu mereces minha filha.

A Iara e o mano Bernardo também já estiveram doentes. O mano no primeiro ano de vida passou muitos dias mal. Muitos. E em ambos eu senti incapacidade e insuficiência.
Ter um filho doente é muito difícil e doloroso.
E isto com doenças "aceitáveis". As do Bernardo foram sempre do foro respiratório (novidade para mim). Mas nenhum deles precisou de internamento ou tratamentos dolorosos longos - a mana já teve de levar soro. Começou com o pai e concluiu comigo ao meu cólo, abraçada ao Bernardo que estava na minha barriga, depois de eu ter chegado ao hospital no fim do dia de trabalho. Mas aí ela já estava calma, graças ao paizão... e eu só dei aconchego.

Amo-vos muito meus filhos. A todos. Nenhum em demasia, ou a mais que o outro. O amor com vários filhos distribui-se, partilha-se, e explode.
Só vos queremos bem...

Força bebé...

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