Preparação para mater/paternidade

Sejam pais quando estiverem mesmo preparados.
Não por cedência de vontades, mas sim porque se sentem mesmo preparados para isso.
Há uns dias li um post num blog de uma mãe, a dizer que amuava porque queria ir ao cinema com o marido depois de adormecer as filhas, mas como não conseguiu adormecer a mais nova, não teve opção e não foi.
Não teve opção porquê?? porque acontece que, por vezes, os bebés só aceitem/acalmem com um dos pais ou com ambos, e não com avós ou outras pessoas. Choram, choram, soluçam e não acalmam com outro cólo.

A Iara foi um bom exemplo disso. Não quero abrir o livro guardado no fundo do meu peito a sete chaves, mas foi a primeira grande privação que senti. Houve tempos em que ela só dormia mesmo mesmo em cima do meu peito, deitada em comprimento ao longo do meu corpo. Aceitei sem grande escapatória, porque só assim ela conseguia acalmar a ansiedade tão forte e intensa que sentia.

Estou em casa. Despedi-me ainda durante a licença de maternidade do Bernardo para poder ficar com ele e prestar mais apoio à Iara. No início dos 7 meses completos do Bernardo descobri que estava grávida da Violeta. E o ficar em casa mais se justificou - nem houve conversas acerca de voltar ao mercado de trabalho. Monetariamente, se com dois filhos ficaria ela por ela, com três filhos mais se justificaria o ficar em casa.

E assim foi. Fiquei e fiquei feliz, não contrariada por achar que não tenho saída pois não conseguirei um emprego onde me pagarão mais de 1000€.

Fico grata, grata por ter esta oportunidade. Lido com o dia-a-dia, noites boas e más, dias fáceis e outros duros. Relativizo algumas coisas e por vezes dou valor a outras.

Há muita muita informação acerca de maternidade hoje em dia (2017). É moda ter blogues como este, mas públicos. E nesses blogues que gosto de lêr, para saber como se sentem as outras mulheres, para tirar ideias de o que fazer com as crianças, percebi que mesmo as mulheres que ficam em casa, acabam por ter ajudas. Seja nas tarefas da casa (empregada ou família), ou amas e babysitters.

Com dois filhos, daria para, de vez em quando, deixar os filhos com a minha mãe e ir escapar duas horas com o pai. Mas com vocês os três, o grau de stress aumenta e a vergonha acompanha, e não posso pedir mais do que o altamente necessário.

Vejo que elas vão passar fins-de-semana fora com o marido, ou viajam mesmo sozinhas com amigos. Jantar fora para muitas não será problema.

Eu não posso. Esta manhã a Violeta esteve sempre colada a mim. Tão colada que às vezes fico com nódoas negras dos beliscões com dedos minúsculos e fortes que agarram apenas a ponta da pele em pinça. Não me largou até irmos buscar a Iara. Chorou com lágrimas as vezes que tive de a pôr no chão para eu conseguir vestir as calças. Dei o telemóvel com o youtube para me esquecer por segundos.

Há dias em que a privação existe e é intensa e se estamos mais vulneráveis, é mais difícil aguentar com um sorriso na cara.

Privação nem só de sono, mas de xixis à vontade, cocós com revista, um pegar no tlm sem medos. Coisas simples.

Sejam pais quando estiverem preparados, e não se assustem com a mãe. É um desabafo num dia mais duro.

Um abraço apertado a todos...

A Mãe.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Olá filhotes - mudanças

A poesia espiritual

Montes de amor